quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Sentimentos - dia 1

Levantei-me cedo. Chorei. Chorei muito. Limpei o meu interior, ou tentei ficar melhor.
Visitei a praia que tanto gosto – deserta. Não fui a banhos nem apanhar Sol, fui apenas saudar o mar, afogar algumas dores, recarregar as minhas baterias. Encontrei duas lindas pedras, peguei nelas mas não as quis trazer comigo: atirei-as na areia – devolvi-as ao lugar onde pertencem.
Estranha esta frase: mas as coisas pertencem a lugares, erro grande: o querer retirar as coisas dos lugares que lhes são, também eles, pertença.
Vi lugares que são também um pedaço da casa que hoje habito e senti-me a caminhar perdida, com tanta beleza que ficou para trás.
Onde e quantas vezes errei? Com quantas mãos falhei?
Ainda há pessoas que agarram a vida, a mim ela desprendeu-me de si: sou filha rejeitada.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

JANELA DOS SENTIDOS

Sons do Silêncio, uma partilha sob a forma de janelas que se abrem para o mundo. Uma Geografia que desperta Sentidos e ensina a ver os mundos que moram dentro do mundo. Uma melodia de sons, os Sons da Alma, a Alma dos Sons... Numa sociedade cada vez mais carente de Sentidos, cada vez mais marcada pelas tatuagens e selos do consumismo, surge uma voz, a voz do Silêncio que apela às viagens pelo mundo na ânsia de desbravar os Sentidos, fazendo-nos percorrer os caminhos inóspitos que vivem em nós... As grandes lições da Vida: aprender a escutar o Silêncio. Um mergulho dentro do próprio Ser, as respostas e os alertas para os desperdícios da energia com artificialidades. Um livro que nos deixa sem saber qual o melhor Silêncio se o da Alma ou o do Coração? Uma leitura "onde o tempo parece não ter pressa e as horas passam ao ritmo de cada um". Uma floresta de Sentidos onde se ouve o Som da Alma e do Coração. Quando há espaço para o "eu" ouvem-se os Sons do Silêncio.
JANELA DOS SENTIDOS

(Janela Ideal, by Nuno Lobito)

“Construí a minha casa no mundo dos homens e no entanto não ouço qualquer eco de cavalos e carroças. Queres saber como pode isto acontecer? Um espírito desprendido cria o silêncio à sua volta.” Tao Ch’ien (365-427)

Aos Silêncios que escondem segredos de Amor e de Dor…

Na escuridão amarga e inóspita do Ser há uma Janela dual de Sentidos. Noite e Dia vivem dentro do Coração agridoce, abraçando a simplicidade do Sentir. A Natureza confidencia aos astros pinturas do Silêncio, retratos do vazio… São espaços onde as nuvens personificam o que existe sem nome, para lá dos que acreditam nos ponteiros do Tempo, nas bússolas do Destino… Uma Janela aberta deixa o Coração falar dos amores, vividos ou sonhados, sem pressa, que acrescentam Sabor a quem se deixa pela beleza da retina, nas asas do Vento e pelo cicio das velhas folhas de Plátano, de encantos levar… Janelas são pedaços de vazio, gotas de silêncio que quando abertas prendem os olhos aos fios da emoção. Nem bússola, nem ponteiros poderão algum dia comandar os Sentidos de quem abre Janelas para a Geografia do Sentir.

Deixa que se abram as persianas como degraus de uma escada sem corrimão com a ânsia de tocar o Céu e atingir o infinito, desnudando os Sons que a Alma veste. Que esse mar imenso que se apresenta perante Ti, caminhante da Vida, seja a caravela que leva o teu Sentir para as colinas incertas onde mora a tranquilidade do Ser.