
JANELA DOS SENTIDOS

“Construí a minha casa no mundo dos homens e no entanto não ouço qualquer eco de cavalos e carroças. Queres saber como pode isto acontecer? Um espírito desprendido cria o silêncio à sua volta.” Tao Ch’ien (365-427)
Aos Silêncios que escondem segredos de Amor e de Dor…
Na escuridão amarga e inóspita do Ser há uma Janela dual de Sentidos. Noite e Dia vivem dentro do Coração agridoce, abraçando a simplicidade do Sentir. A Natureza confidencia aos astros pinturas do Silêncio, retratos do vazio… São espaços onde as nuvens personificam o que existe sem nome, para lá dos que acreditam nos ponteiros do Tempo, nas bússolas do Destino… Uma Janela aberta deixa o Coração falar dos amores, vividos ou sonhados, sem pressa, que acrescentam Sabor a quem se deixa pela beleza da retina, nas asas do Vento e pelo cicio das velhas folhas de Plátano, de encantos levar… Janelas são pedaços de vazio, gotas de silêncio que quando abertas prendem os olhos aos fios da emoção. Nem bússola, nem ponteiros poderão algum dia comandar os Sentidos de quem abre Janelas para a Geografia do Sentir.
Deixa que se abram as persianas como degraus de uma escada sem corrimão com a ânsia de tocar o Céu e atingir o infinito, desnudando os Sons que a Alma veste. Que esse mar imenso que se apresenta perante Ti, caminhante da Vida, seja a caravela que leva o teu Sentir para as colinas incertas onde mora a tranquilidade do Ser.